Aula DOIS e as notícias da semana

"Todo mundo sabe falar, mas ninguém sabe o que dizer." Nick Hornby em "Uma longa queda"

Na nossa aula da semana passada de Irrigação e Drenagem abordamos os aspectos iniciais do curso e também a importância histórica e atual da agricultura irrigada. Na nossa postagem anterior disponibilizamos as sugestões de leitura complementar aos temas desenvolvidos em sala de aula. Ministramos um conteúdo abrangente que vai desde o histórico da irrigação, como as áreas irrigadas no mundo e ainda aspectos econômicos da agricultura irrigada e estes ensinamentos podem e devem serem complementados com as nossas listas de exercícios. Comece pela "HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DA IRRIGAÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO", mas da leitura uma coisa legal, nada de pressa, com tranquilidade. Vimos também que o nosso Brasil é economicamente forte e importante, mas desigual, mas a agricultura irrigada tem potencial para minimizar ou até mesmo mudar esta situação, mas isso depende muito da capacitação e competência técnica e apostamos na comunicação como elemento essencial, incluindo a transparência e democratização de ações e do conhecimento. Mostramos como a AHI pratica isso. Acreditamos que temos que reinventar o setor onde estamos envolvidos, com inovação e criatividade e assim, foco e capacitação são fundamentais. Em relação à irrigação e uso da água ilustramos com exemplos de culturas que dependem da irrigação, tanto para a produtividade, como para a qualidade da produção, e que produzimos matéria prima aqui no Brasil, para serem industrializadas em outros países. Fumo, café, cacau, são apenas alguns exemplos! E introduzimos ainda que de forma superficial, o conceito de RDI (Regulated Deficit Irrigation - 1), que envolve a qualidade de alguns produtos, como por exemplo uva e fumo, como uma estratégia para ter água à todos. Vimos também na nossa abordagem prática o consumo de água por uma espécie de grande porte, no caso a mangueira, em uma área que recebeu uma mesma quantidade de água, é sob a copa da árvore, onde se encontram a maior parte das raízes, que visualmente vemos a diferença do crescimento da grama. Fornecer água somente na zona radicular das plantas é o princípio da irrigação localizada.


Na parte da tarde falamos um pouco sobre carreira e que devemos ter um alvo e a importância de se preparar desde já. Também lançamos desafios a serem superados na agropecuária irrigada, o que é fonte de oportunidade e alguns podem ter o empreendedorismo em mente. Ilustramos a irrigação no Brasil e no mundo, o potencial da agricultura irrigada, os conceitos de irrigação como técnica de aplicação artificial de água e um conjunto de ações e conhecimento eclético e ainda a diferença entre a irrigação e a agricultura irrigada quando falamos do setor. O exemplo da transformação de uma área de duna em campo de golf evidencia a necessidade de juntarmos conhecimentos de todas as áreas do campo agronômico com a irrigação e assim, auferirmos sucesso no nosso negócio. Não se iludam, o objetivo de todo o empreendimento é o lucro e a geração de empregos, desenvolvimento, etc, é consequência de uma negócio de sucesso.

Tempo
A semana foi de temperaturas elevadas (chegando a 36ºC), umidade relativas baixas (mínima de 19,3%), que exigem cuidados e os sistemas de irrigação na região estão em plena atividade com a evapotranspiração no noroeste paulista chegando a 5,5 mm/dia na Estação Santa Adélia e no outro extremo do município de Pereira Barreto, na margem direita do rio Tietê e rodeada por 20 equipamentos pivô central (Estação Bonança), a evapotranspiração chegou a 4,2 mm/dia. Em todo o noroeste paulista estamos com 45 dias sem chuvas.

Ontem a temperatura voltou a cair e hoje pela manhã foi registrados 6,0ºC em Populina. Ilha Solteira teve 7,9ºC e ventos fortes tem sido uma constante neste mês de agosto, que chegou a 36 km/hora na região da Estação Santa Adélia. O acompanhamento das condições ambientais pode ser feito em tempo real no canal CLIMA da UNESP Ilha Solteira a partir de http://clima.feis.unesp.br.

Agricultura irrigada
Goiás: Cristalina em Goiás se orgulha de vários índices. O município tem o maior rendimento de alho por hectare (um quarto do alho nacional é produzido em Cristalina e com melhor qualidade que os importados). Cristalina também é o maior produtor de milho doce do país, maior produtor de alho nobre do país, tem a maior área irrigada de trigo do país (produz a melhor qualidade de grão com maior produtividade), é o maior produtor de cebola do Centro-Oeste, o maior produtor de feijão da região, o maior produtor de batata do Centro-Oeste, o maior produtor de café do Estado de Goiás e na produção de sequeiros destacam-se soja, milho, feijão, algodão, sorgo e arroz, numa área total cultivada de 210.000 hectares, sendo que produz as melhores qualidades de sementes de soja e milho. Durante muitos anos, a economia de Cristalina se baseou na exploração de cristais. A produção mineral foi amplamente exportada para vários países da Europa. Os cristais daqui fizeram parte das jóias da nobreza européia. Na década de 70, com a chegada de produtores rurais do sul do país, o cenário extrativista deu lugar ao plantio de diferentes culturas. A altitude do município, as temperaturas amenas e a excelente qualidade do solo permitiram que o município empregasse uma nova forma de cultivo: a irrigação. Beneficiado por mais de 240 nascentes e rios, foi possível a instalação de inúmeros pivôs que captam a água e distribuem de maneira uniforme e constante a quantidade necessária para a realização de colheitas mesmo em épocas que não há chuvas. Com mais de 560 pivôs instalados, Cristalina é o município que mais utiliza a irrigação na América Latina. O resultado é a alta produtividade, em especial, de alho, batata e cebola. Somente nestas três culturas, são 8000 empregos em uma das etapas de produção. O município concentra grandes propriedades agrícolas que empregam milhares de pessoas. Muitas delas vieram do sul e nordeste do país. Depois de anos apenas plantando, Cristalina passa a partir de 2010 a industrializar sua produção. As indústrias Incotril, Fugini e Bonduelle iniciam um pólo de produção de alimentos utilizando os produtos aqui plantados. Além de empregar mão-de-obra manual nas colheitas, Cristalina abre inúmeras oportunidades de trabalho em nível superior como agronomia, zootecnia, administração e engenharia civil. Com a mudança de muitas famílias para a cidade, houve um grande crescimento no setor da construção civil. Diversos prédios residenciais estão sendo edificados e há constante necessidade de mestre-de-obras, pedreiros e serventes. E tudo isso leva Cristalina a ser a detentora do 1º PIB (Produto Interno Bruto) agropecuário do país, sendo destaque nacional na produção de grãos e a economia fortalecida coloca o município como um dos maiores geradores de emprego do Brasil. Trinta e cinco culturas fazem a economia crescer e o desenvolvimento sócio-econômico do município e a irrigação - com seus 560 pivôs - sendo a força motriz para produtividades elevadas.

Safra - Produção
A área de cana-de-açúcar subiu para 8,8 milhões de hectares neste ano, 4% mais do que em 2012, segundo dados da Conab. A produção, devido ao aumento de área e à melhora do clima, sobe 11%, somando 652 milhões de toneladas no país. A irrigação em cana ainda é um assunto de muita controvérsia e comentamos as ações para promover a expansão da área irrigada na cultura aqui neste blog e também no [Pod Irrigar]. E Mauro Zafalon informa que a Raízen Energia moeu 18,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar de abril a junho, 68% mais do que em igual período do ano passado. A produção de etanol cresceu 70%, e a de açúcar, 85%. A Conab aponta também aumento na produção de grãos, que deverá atingir 186,1 milhões de toneladas. O destaque é o milho, cuja safra será de 80 milhões de toneladas. Só a safrinha atingirá 45 milhões.Já o IBGE tem em 187,9 milhões de toneladas a safra brasileira de grãos 2012/2013.

Recursos hídricos

Falta de Engenheiros Agrônomos - Oportunidades

Mudanças climáticas
Durante o Inovagri International Meeting, em maio de 2012, na nossa palestra "SISTEMAS DE SUPORTE À AGRICULTURA IRRIGADA FACE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E DO USO DO SOLO" mostramos que a seca pode afetar não somente regiões áridas e semi áridas e naquele momento o Estado do Rio do Sul agonizava como o nordeste devido a ausência prolongada das chuvas, levando ao Governo Federal a lançar o Bolsa Estiagem e o Estado do Rio Grande do Sul a adotar medidas diretas para estimular o investimento em sistemas de irrigação, e reverter a queda de arrecadação causada pela seca.
Naquela ocasião lembramos aos participantes do Meeting que a seca na Síria com epicentro em Daraa que contam com sistemas de irrigação ultrapassados, de baixa eficiência e com grande desperdício de água), fez com que agricultores se juntassem aos insatisfeitos contra o governo iniciando o conflito que ainda perdura. Também perguntamos se será que “O clima define o rumo de um país?”
FEMIA e WERRELL (The Center for Climate e Security) acabavam de publicar artigo afirmando que “Tensões sobre terra, água e alimentos provam que levantes democráticos não têm só raiz política, mas também ambiental” e autores como STERN (2009), BURKE (2009), BUHAUG (2010) e HSING (2011) apresentam visões antagônicas sobre o tema e os efeitos do clima sobre a população. A Folha de São Paulo (02/08/2013, p.C.7) publica a reportagem de Rafael Garcia "Mudança climática alimenta guerras civis e brigas locais" baseado no artigo de Solomon Hsiang da Universidade de Princeton que afirma que com 2°C acima do normal em 2050, taxa de conflitos aumentaria 8% entre indivíduos e 28% entre grupos, estimativa que saiu de trabalho que compilou 60 estudos na área, incluindo a afirmação que o fenômeno afeta a questão fundiária no Brasil. Mesmo eliminando os estudos considerados menos confiáveis, uma temperatura maior estava associada a um aumento no número de incidentes de violência. Falta de chuva leva à maior risco de invasões de terras. Hsiang reuniu evidências de ciências diversas: arqueologia, criminologia, geografia, sociologia e psicologia e outras. "Não concluímos que o clima seja a única - nem mesmo a principal - força motriz dos conflitos", escreveu o cientista em estudo que assina com seus coautores Marshall Burke e Edward Miguel. "Mas quando ocorrem grandes variações de clima, elas podem ter efeito substancial na incidência de conflitos." Nos estudos que tratavam de eventos atuais, o clima mostrou efeito em incidentes tão diversos quanto brigas em esportes, estupros, conflitos locais e guerras civis. As razões pelas quais se acredita que o clima acirre conflitos são diversas, mas as principais são econômicas. Uma delas é quando alterações de clima geram escassez de recursos como água doce, acirrando disputas regionais por esses bens. Quando condições de trabalho são comprometidas no campo, por exemplo, isso cria incentivo para trabalhadores se envolverem em conflitos, sejam suas causas legítimas ou não. O trabalho de Burke cita um estudo de Daniel Hidalgo, da Universidade da Califórnia em Berkeley, que vê uma relação dos conflitos de terra no Brasil com alterações no regime de chuvas. Sobre o tema, Carlos Nobre, secretário do Ministério da Ciência disse que "No Nordeste do Brasil, quase todos os cenários mostram que haverá maior imprevisibilidade das secas, e isso gera uma marginalidade (subaproveitamento) no uso da terra". Veja os gráficos!
Especificamente para a agropecuária a melhor forma de conviver com a falta das chuvas é investir em sistemas de irrigação que farão a oferta da água no momento certo e quantidade adequada para garantir as elevadas e necessárias produtividades dos cultivos e que farão com que o lucro seja a força motriz do desenvolvimento sócio-econômico de toda uma região, através dos efeitos multiplicadores da agricultura irrigada.
Mas o importante não é somente adquirir equipamentos de irrigação e sim planejar esta aquisição levando em consideração todos os aspectos locais de solo, clima, disponibilidade e qualidade da água e ainda das culturas que se pretende cultivar. A consulta à um profissional experiente também é fundamental para que o investimento seja efetivo. Esse foi o tema que desenvolvemos esta semana no Pod Irrigar - o Pod Cast da Agricultura Irrigada desta semana. Ouça também os anteriores

Qualidade de vida

Ilha Solteira investe em ciclovias, portanto em qualidade de vida. Muito tem que ser feito ainda, especialmente em conscientização. Veja neste video como os holandeses conseguiram suas ciclovias: com conscientização e mobilização dos cidadãos.


Investimento - Infra estrutura - Desenvolvimento
A Transparência Política divulgou uma triste e indesejável estatística: as obras do PAC espalhadas pelo Brasil tem atraso médio de 4 anos. Algumas, como o Arco Rodoviário do Rio de Janeiro (BR-493) tem atraso médio de 6 anos. Welington Landim mostra que as obras do PAC de mobilidade urbana no Ceará estão entre as mais atrasadas. Entre as obras muito atrasadas estão as que deveriam levar a produção agropecuária como a ferrovia Nova Transnordestina - mais de 1,7 mil km que ligarão Piauí, Ceará e Pernambuco aos portos de Pecém (CE) e Suape (PE) - que teve sua data postergada em cinco anos. Conforme o primeiro balanço do PAC, divulgado em abril de 2007, a previsão de entrega da obra era 2010. Hoje, o governo trabalha com o prazo de dezembro de 2015. Já outra ferrovia atrasada no País é a Ferronorte, localizada entre Alto Araguaia (MT) e Rondonópolis (MT). A obra tinha conclusão planejada para 2010, mas, com os atrasos, ficará para o fim deste ano. Para o deputado Valdivino de Oliveira (GO) o cenário atual da economia brasileira é marcado por características como crescimento pífio, inflação em alta, baixos investimentos, desconfiança dos empresários e este quadro é fruto da ineficiência da gestão do governo federal. O portal G1 traz um quadro detalhado de cada obra e destaca que bbras das principais rodovias do PAC têm atraso médio de 4 anos e que o Governo faz sucessivas remarcações dos prazos de entrega das obras e explica o que seria o PAC, lançado em 2007.

Entretenimento
Ednardo é o nome artístico do cantor e compositor brasileiro, José Ednardo Soares Costa Sousa, nascido em Fortaleza - Ceará, em 17 de abril de 1945. A partir de 1970, quando venceu Festival Nordestino da Música Brasileira, promovido pelos Diários e Rádios Associados - TV Tupi, Ednardo completa 40 anos de carreira artística, são mais de 300 músicas e letras, distribuídas em 15 Discos Originais, 15 discos de compilações, 4 Trilhas Musicais de Cinema, 2 Trilhas Musicais para Teatro, 2 Vídeos com Especiais de TV, e reconhecimento do público e da crítica especializada, como um dos mais importantes artistas da Música Popular Brasileira. Sua obra abrangente toca e repercute em várias gerações com vigor criativo e comunicativo, próprio de quem realiza arte íntegra, vital e necessária às pessoas de qualquer nacionalidade e parâmetros musicais. Terral (1), Pavão Mysteriozo, Artigo 26, Flora, Luar, A Manga Rosa, Beiramar, Carneiro, Enquanto Engoma a Calça (1), Imã, Rubi, Longarinas, Pastora do Tempo, Lagoa de Aluá, Ingazeiras, são apenas alguns das suas músicas que compões um extenso e importante repertório, com o poder de conquistar o público em diversos segmentos sociais, faixas etárias, permanecendo através dos tempos, com a mesma importância artística. "Pavão Mysteriozo" é o seu maior sucesso devido ser a trilha da abertura da novela Saramandaia na década de 70 e projetou a sua carreira, estreada em 1973 com os também cearenses Rodger e Teti no álbum "Meu Corpo, Minha Embalagem, Tudo Gasto na Viagem - O Pessoal do Ceará". Ali também começou algo maior: a consolidação nacional de uma cena musical cearense que desde o final dos anos 1960 havia migrado para o eixo Rio-São Paulo. Além de Ednardo, Rodger e Teti, Fagner, Belchior e Amelinha vieram de mala e cuia. Na trincheira dos compositores estavam Petrúcio Maia, Ricardo Bezerra, Augusto Pontes e Fausto Nilo. "Elis Regina já havia gravado em 1972 Mucuripe e Hora do Almoço, do Belchior, começava a ganhar destaque, mas Pavão foi a primeira dessa leva a ser massificada", disse Fagner. Pouco comentado até por seu criador, "Pavão Mysteriozo" tinha um toque político nas entrelinhas - ou nem tanto, basta ouvir hoje versos como "me poupa do vexame/ de morrer tão moço/ muita coisa ainda/ quero olhar". "Era uma canção de protesto, política, sobre a construção de um mecanismo que nos faria voar, fugir do que vivíamos. A censura não percebeu", disse Ednardo. A base da letra era o romance de cordel "O Romance do Pavão Misterioso", conhecido no Nordeste a partir dos anos 1920. Passados 40 anos, o legado do pavão vingou. Os nomes mais vistosos daquela cena como Fagner, Ednardo, Belchior, Fausto Nilo e Amelinha ainda estão na estrada.
Conheci Ednardo pessoalmente num show em Prainha - Aquiraz - Ceará, era um show com abertura de Pingo de Fortaleza, seguido de Ednardo e por fim Alceu Valença. O guitarrista de Pingo e Ednardo era o mesmo, Mimi Rocha, e meu filho ficou fixou impressionado com a desenvoltura e alegria com que Mimi empunhava sua guitarra e ao final do show me disse "Papai vamos tentar pegar a palheta do guitarrista?" e pronto, lá se foi este pai fazer a vontade do filho e o resultado é que o Nando ganhou a palheta e toda a família ganhou mais dois grandes amigos, Pingo de Fortaleza e Mimi Rocha, além de algumas boas dicas de guitarra e violão. Ednardo (1, 2, 3) não vi mais e apenas - como fã desde menino - fico contente por ter feito um grande show de comemoração dos 40 anos de carreira e gravou o DVD, tendo aos seu lado os amigos Mimi Rocha na guitarra e Márcio Rezende nos metais. Parabéns e vida longa! Apreciem Ednardo! O The Trio formado por Mimi Rocha, Nélio Costa e Ricardo Pontes, tocou no Bar do Mincharia para os palestrantes do Inovagri International Meeting em 2012.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Por que a água evapora sem estar a 100° C ?

A Importância da DBO

Pivô central: história e características