Contexto: Jornal de Jales - Agricultura e uva niágara mudando o perfil da produção

por Leonel Rosa Junior

A APRESENTAÇÃO
da pesquisa “O novo panorama da viticultura no município de Jales”, dia 13 de setembro, feita pelos alunos da primeira turma do curso de Tecnólogo em Agronegócios já justifica a árdua luta que representou a criação e instalação da Fatec de Jales.

REALIZADA
por 16 integrantes do Núcleo de Pesquisa em Arranjos Interorganizacionais daquela instituição, o trabalho jorrou luz sobre uma atividade econômica em torno da qual muito se falava, mas pouco havia de fatos concretos. Era quase tudo na base do chutômetro.

NO MÍNIMO,
ao apurar que a uva é cultivada, hoje, em apenas 93 propriedades - existem mais de duas mil no município de Jales - a pesquisa dos estudantes é um inegável sinal de alerta, algo impensável nos anos 90 quando Jales era conhecida Brasil afora por duas marcas registradas - o time de basquete de ponta, que disputava títulos paulista e brasileiro, e a uva produzida por aqui.

HOUVE UM TEMPO,
no passado relativamente recente, que a uva de Jales representava 7% da produção nacional, o que contribuía para gerar emprego e renda. Hoje, segundo a última pesquisa do IBGE, o município cultiva apenas 2% do que é plantado no país.

OUTRO DADO PREOCUPANTE
captado pelos questionários da rapaziada da Fatec - no ato da comercialização, a vinculação do produto com o nome da cidade está, aos poucos, sumindo. O sonho de padronizar as embalagens no momento da venda ao atacadista a fim de caracterizar para o consumidor dos grandes centros que o produto é de Jales, ao que parece, foi para o espaço, eis que 36% da produção são vendidos em caixa aberta e caixa de papelão do comprador e outros 30% somente em caixa aberta do comprador.

MAS, COMO TODA MOEDA
tem duas faces, um dia depois da divulgação da pesquisa dos alunos da Fatec, o respeitadíssimo Suplemento Agrícola do jornal O Estado de S. Paulo, em sua edição de 16 de setembro, explodia na capa com o título “Entressafra lucrativa” e, em linha fina, “Jales (SP) colhe agora a uva Niágara, que tem preços 20% maiores que em 2008”.

NA MATÉRIA
de página interna, o repórter Chico Siqueira, do Estadão, registrou no texto de abertura que “em plena colheita, produtores de uva de entressafra da região de Jales (SP) estão rindo à toa com os preços pagos pelo quilo da fruta, maiores em relação a 2008 - o quilo da uva Niágara subiu de R$ 2,70 para R$ 3,30 e o da Itália de R$ 2,40 para R$ 2,90”. A reportagem é ilustrada com fotos do produtor Adriano Ramazoto sobre um trator zero bala e de outro viticultor, Marciano da Silva, declarando que vai investir o lucro na compra de uma casa na cidade. E o depoimento de José Luiz Fação Junior, vendedor da Jima, garantindo que as vendas de tratores e implementos de irrigação devem subir 150% este ano.

NO MESMO DIA
da publicação do Estadão, o SBT levou ao ar em seu noticiário da hora do almoço reportagem especial com o produtor Sebastião Santim e sua esposa Neusa, do Sítio Santo Antonio, sobre a diversificação em suas parreiras e a perspectiva de fabricar vinho artesanal, cuja produção aumentou 70%, com lucro de 25%.

EVIDENTEMENTE,
o clima róseo das matérias do Estadão e do SBT não invalida as conclusões da pesquisa, feita de propriedade em propriedade, com entrevistas pessoais, eis que jornalistas de um lado e estudantes de outro apontaram o novo mapa da mina:a migração dos produtores para a uva Niágara. De toda forma, os números rastreados pelos alunos da Fatec chegam em boa hora, justamente na semana em que o município se prepara para realizar a Feira de Agronegócio da Uva. Sem dúvida, um bom tema para reflexão dos participantes.

Jornal de Jales, 20 de setembro de 2009, p.3

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