Música, meio ambiente e irrigação: Nossa camas estão queimando


Mudanças climáticas e rock'n'roll como alerta. Perto do início da COP 15, em dezembro, em Copenhaguen, na Dinamarca, onde os líderes globais decidirão suas posturas frente o aquecimento global, um time de artistas se juntou para regravar "Beds are Burning", hit da banda australiana Midnight Oil nos anos 1990.

O clip, faz parte da campanha internacional pelo clima TicTac e tem a abertura de ninguém menos que o ex-secretário geral da ONU, Kofi Annan. Depois, vem Lily Allen, Marion Cotillard, Fergie, Duran Duran, Scorpions e outras caras conhecidas.

Peter Garrett, ex-vocalista do Midnight Oil é um conhecido ativista das causas dos aborígenes e é o atual Ministro do Meio Ambiente da Austrália.



Como, nós que labutamos na agricultura, e em especial, a agricultura irrigada, podemos colaborar?

De muitas maneiras, mas uma delas é lembrar a todos do processo de fotossíntese, responsável pelo "funcionamento" e desenvolvimento das plantas e produção de alimentos, mas inegávelmente, o processo "limpador" do nosso ar, grandemente poluído pela emissão do CO2 nas cidades. É o campo, que majoritariamente faz a limpeza através da emissão do O2.

Vejamos mais detalhadamente!

As plantas produzem sua própria comida por meio de um processo chamado fotossíntese. Durante a fotossíntese, as partes da planta que contêm clorofila capturam a energia presente na luz e a utilizam na execução de uma série de reações químicas. O processo envolve CO2 (dióxido de carbono), o que faz com que as plantas precisem de bastante ar. Quanto à luz, dependemos do Sol para fornecê-la às nossas plantas.

A planta absorve CO2 (dióxido de carbono) da atmosfera, suga a água através de suas raízes e utiliza a luz para fotossintetizar açúcares, que são o alimento das plantas. E o O2 (oxigênio) é excretado como subproduto desse processo. Sem água, a fotossíntese não pode ocorrer.



A água é essencial para as plantas. Ela carrega nutrientes importantes do solo e funciona como um gatilho muito importante para a germinação e o processo da fotossíntese. Sem água, as plantas simplesmente não cresceriam.

Muitas regiões apresentam déficits hidricos, ou seja, o volume de água que entra no solo pelas chuvas é menor que o volume de água transferido para atmosfera pela evapotranspiração (evaporação do solo e transpiração das plantas) e assim, o processo de fotossíntese fica comprometido e portanto, menos produção e menos troca de CO2 por O2.

Sistemas irrigados, permitem com que além de produção tenhamos uma maior emissão de O2, ou seja, uma maior "limpeza" do nosso ar.

Muitos ainda não são familiarizados com o termo irrigação ou agricultura irrigada, até porque no Brasil somente temos 4,45 milhões de hectares irrigados, muito pouco para o nosso potencial de terras da ordem de 30 milhões, sendo praticada em apenas 6,3% da propriedades brasileiras, mas responsável por uma parcela substancial da produção agrícola brasileira.

Mas a técnica é antiga e os antigos egípcios a usavam bastante, garantindo a produção de alimentos que vendidas aos diferentes povos, impulsionaram a economia do Egito. Há dois mil anos, Heródoto escreveu que o Egito era "uma dádiva do Nilo." Desviado em bacias grandes e planas, o rio Nilo fornecia irrigação excelente para as plantações egípcias e Heródoto estava muito consciente de que sem o Nilo e a irrigação praticada a partir dele, os egípcios não teriam atingido métodos de cultivo tão produtivos.

Muitos ainda tem a imagem de a irrigação "gasta" água, o que efetivamente não é verdade. Sistemas irrigados apenas transferem água para a atmosfera, não havendo perdas de água no processo e este, através da fotossíntese em intensidade máxima, ainda retira CO2 do ambiente, devolve O2 e ainda dá lucro ao produtor, através das elevadas produtividades garantidas pelo fornecimento de água às plantas.

Assim, a prática da agricultura irrigada, é uma das medidas mitigadoras dentro de um contexto de aquecimento global.

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