UNESP promove workshop sobre "Mudanças Climáticas"

Em continuidade ao "Ano da Pesquisa na UNESP", aconteceu nesta terça-feira, dia 29 de setembro de 2009, na Reitoria da UNESP o workshop "Mudanças Climáticas", promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa, sob o comando da Professora Maria José Soares Mendes Giannini.

A realização do workshop acreditamos ser de enorme importância para a UNESP e a continuidade de programas que permitam com que os colegas dos diferentes Campi se conheçam e identifiquem interesses em comum, é a chave para trabalhos coletivos e soma de esforços em pesquisas ligadas ao aquecimento global e mudanças climáticas, inclusive porque, o tema que frequentemente deixou de fazer parte do caderno ciência dos jornais, ganhando lugar de destaque nos cadernos de economia, dada a importância e e extensão do seu impactos em diferentes áreas da nossa economia.

Na Abertura, prestigiando o evento estava o nosso Reitor, Professor Dr. Herman Jacobus Cornelis Voorwald, ladeado pelas Prefessoras Maria José Soares Mendes Giannini (Pró-Reitora de Pesquisa) e Marilza Vieira Cunha Rudge (Pró-Reitora de Pós-Graduação).

O Reitor Herman fez a abertura do workshop com uma exposição sobre os projetos multi-campi, dizendo se tratar de um modelo que tem dado certo e a prova são os exitosos projetos do Pré-Sal e Bionergia, contribuindo para a definição da "UNESP que queremos" nos próximos 10 anos, consolidando o papel das Universidades Públicas de São Paulo no desenvolvimento científico e formação de recursos humanos qualitativos, liderando este processo, enfatizando que acredita que a UNESP tem muito ainda a crescer.


Herman também fez questão de frisar que já foram liberadas 240 contratações em RDIDP este ano e devem ser liberadas ainda mais 160 vagas, mostrando o firme propósito de valorização do ensino e da pesquisa, inclusive com a implementação da carreira de Pesquisador na UNESP. Se diz otimista, mas conhece bem os números e estes tem crescido sistematicamente, segundo ele, uma prova do crescimento da UNESP foi o fato de colocarem em funcionamento o GridUNESP, colocando a UNESP na liderança também na área da computação de grande porte, encerrando a fala desejando muito trabalho e sucesso a todos no evento.

Na sequência a Pro-Reitora de Pós-Graduação, Marilza Vieira Cunha Rudge, evidenciou o esforço cooperativo das Pro-Reitorias de Pesquisa e Pós-Graduação na promoção de eventos conjuntos com o objetivo de proporcionar, especialmente o conhecimento entre entre os colegas, reconhecendo a importância da UNESP estar em 23 cidades, mas também a distância entre elas ser a maior fragilidade para trabalhos coletivos e chamou a atenção para que nas nossas publicações devemos evidenciar/explicitar o nome da UNESP, destacando-o claramente em primeiro plano. Em relação aos 114 Programas de Pós-Graduação da UNESP informou sobre a reunião realizada na semana passada, onde deixou claro que é parte de sua política premiar competências.

Entrando diretamente no tema do workshop, a Pro-Reitora de Pesquisa Maria José Soares Mendes Giannini destacou a importância do tema, sendo que outubro a agenda de eventos está lotada face a preparação para o principal evento ligado a mudanças climáticas, a COP15 - United Nations Climate Change Conference, a ser realizada de 07 a 19 de dezembro de 2009, em Copenhagen - Dinamarca, onde os representantes dos principais países estarão reunidos.

Maria José destacou também a questão da visibilidade da UNESP e que só seremos reconhecidos se nossas pesquisas forem conhecidas e também as nossas competências e a seguir passou a palavra para a Socióloga Josilene Ferrer, Secretária Executiva do Programa de Mudanças Climáticas da CETESB, que falou sobre "Mudança climática global: o Estado de São Paulo e a Governança do clima".

Em sua apresentação, Josilene destacou o trabalho da EMBRAPA sob Coordenação dos Pesquisadores Eduardo Assad e Hilton Pinto da UNICAMP em apresenta cenários de mobilidade das diferentes culturas em função da elevação da temperatura. Se o cenário previsto se confirmar, em muitos locais, o cultivo de diferentes culturas somente será possível com o uso obrigatório de sistemas de irrigação.

Em relação ao Estado de São Paulo destacou a dificuldade de se estabelecer trabalhos efetivos de Governança considerando uma população de 40 milhões de habitantes, 18 milhões apenas na Região Metropolitana de São Paulo, 645 municípios e 5 cidades com mais de 1 milhão de habitantes. A seguir destacou o papel da CETESB que iniciou suas atividades em 1968 e desde 1995 comanda programas ligados a agenda climática e explicitou os principais programas tais como o PROCLIMA, PROZONESP e BIOGÁS, finalizando com informações sobre a Política Estadual de Mudança Climática em discussão na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, na PL 01/2009 e que estabelece metas para a redução de emissão de gases do efeito estufa e tema de várias audiência públicas.

Ao final, questionada sobre os Protocolos utilizados pela CETESB, disse na área agrícola deve-se seguir os fatores de emissão definidos pelo IPCC (ver IPCC Fourth Assessment Report e resumo em português para os elaboradores de política) e seguir o roteiro elaborado pelo MCT/Clima, que coordena todo o trabalho brasileiro e os compromissos assumidos pelo país, lembrando que o GHG Protocol (The Greenhouse Gas Protocol) tem sido adaptado para corporações e que existe muita dificuldade na sua adaptação, especialmente para não produzir resultados duplicados. O WWF também mantém um sítio com explicações sobre o IPCC - Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas.

Para fins de esclarecimento do leitor e familiarização ao tema, dentre as diferentes metodologias existentes para a realização de inventários de gases do efeito estufa, o GHG Protocol é a ferramenta mais utilizada mundialmente pelas empresas e governos para entender, quantificar e gerenciar suas emissões.

O GHG Protocol foi desenvolvido pelo World Resources Institute (WRI) em parceria com o World Business Council for Sustainable Development (WBSCD). Dentre as características da ferramenta destacam-se o fato de oferecer uma estrutura para contabilização de GEE, o caráter modular e flexível, a neutralidade em termos de políticas ou programas e o fato de ser baseada em um amplo processo de consulta pública.

A metodologia do GHG Protocol é compatível com as normas ISO e as metodologias de quantificação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), e sua aplicação no Brasil acontece de modo adaptado ao contexto nacional. Além disso, as informações geradas podem ser aplicadas aos relatórios e questionários de iniciativas como Carbon Disclosure Project, Índice Bovespa de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e Global Reporting Initiative (GRI). Conheça a cartilha - Guia para a elaboração de inventários corporativos de emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE), em português.

E por que as empresas participam?
• Para receber treinamento em metodologias de cálculo, publicação e divulgação
• Incrementar capacidade para participação na formulação de políticas públicas
• Vantagem competitiva enquanto negócio sustentável
• Melhorar relacionamento com públicos de interesse, pela adequação a padrões e relatórios internacionais de sustentabilidade
• Possibilidade de participação no mercado de carbono
• Registro histórico de dados que poderão ser consideradas sob legislação ou regulamentos programáticos eventualmente adotados no futuro

De UNESP Ilha Solteira estiveram presentes os Professores Fernando Braz Tangerino Hernandez da Área de Hidráulica e Irrigação e também Hélio Ricardo Silva da Área de Geoprocessamento, que falou sobre a "Aplicação da técnica Modelo Linear de Mistura Espectral na avaliação do uso e ocupação do solo da região noroeste do estado de São Paulo: contribuição no estudo da mudança climática".


O tema da nossa apresentação foi "Impacto das mudanças climáticas no planejamento e manejo da água para a irrigação usando sistema geográfico de informação", onde enfatizamos que o aumento da temperatura pode levar ao aumento da evapotranspiração pelas culturas, portanto, ao aumento nas demandas por água, ao mesmo tempo que a oferta de água em superfície deverá ser menor também, uma vez que a evaporação da água em rios e lagos aumentará, ao mesmo que também teremos uma retirada maior para atender as demandas por irrigação. Quantificar e elaborar cenários entre demandas e ofertas é fundamental, e ainda quantificar qual a área máxima possível de ser irrigada nas diferentes regiões em função da disponibilidade de águas superficiais.

Também participaram do workshop os colegas dos diferentes Campi:
Áurea Maria Ciotti - São Vicente
Eduardo Carlos Bianchi - Bauru
Elisabete Maniglia - Franca
Francisco Sekiguchi Buchmann - São Vicente
Heros Augusto Santos Lobo - Rio Claro
João Afonso Zavattini - Rio Claro
João Francisco Galera Monico - Presidente Prudente
Jorge de Lucas Júnior - Jaboticabal
José Carlos de Oliveira - Franca
Magda Adelaide Lombardo - Rio Claro
Marcos Simão Figueiras - Franca
Manuel Enrique Gamero Guandique - Sorocaba
Mauricio de Agostinho Antonio - IPMET - Bauru
Newton La Scala Junior - Jaboticabal
Sergio dos Anjos Ferreira Pinto - Rio Claro
Shigetoshi Sugahara - IPMET - Bauru
Silvio Jorge Simões - Guaratinguetá

Ao final de um dia de trabalho intenso, a discussão se deu torno de como articular redes cooperativas de pesquisa em mudanças climáticas para construção de grandes projetos, com a participação de todos, estabelecendo-se grupos de trabalho para a discussão dos diferentes elementos do conhecimento em torno do tema central que são as mudanças globais.

Os Professores participantes do workshop Mudanças Climáticas sugeriu a formação de grupos temáticos para realização de pesquisas em conjunto e elaboração de grandes projetos e os interessados deveriam informar a PROPE a respeito de qual Grupo Temático gostaria de participar, entre os seguintes:
1. Metodologia em Climatologia
2. banco de dados
3. Sistema observacional do meio ambiente
4. Educação ambiental
5. Impactos sócio-ambientais
6. Biodiversidade
7. Vulnerabilidade
8. Mitigação
9. Adaptação
10. Políticas Públicas
11. Legislação ambiental

Uma outra proposta discutida, foi a sugestão da Professora Magda Lombardo da criação do curso de Pós-Graduação Strict-senso multi-campus em Mudanças Climáticas, onde Professores ainda não vinculados à Programas de Pós-Graduação poderiam se inserir.


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