Análise climática, irrigar cana e fazer o manejo da água aplicada garantirão a sustentabilidade da produção

Pivô central irrigando cana em Goiás e observa-se também os investimentos em armazenagem da água através de represas garantindo a segurança hídrica para o funcionamento dos sistemas de irrigação. (Foto recebida pelas Redes Sociais)

Pod Irrigar - Quase 50 dias sem chuvas favorece colheita de cana, mas dificulta brotação e a análise do clima pode ajudar a definir estratégias de irrigação
Tivemos o mês de maio chuvoso com a Rede Agrometeorológica do Noroeste Paulista registrando 125 mm, 69% superior ao esperado de acordo com os registros históricos da Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira e estamos com 46 dias sem chuvas e assim, baixo armazenamento de água no solo, que historicamente registra um período de 8 meses de déficit hídrico. Em 2016, em média na região foram 76 dias sem chuvas, mas junho foi de chuva, com 58 mm, levando o déficit para os meses seguintes.
Até o ano de 2001 a cultura da cana na região em torno de Ilha Solteira era restrita ao município de Sud Mennucci e a partir deste ano passou por um rápido processo de expansão com a incorporação de novos greenfields apresentando hoje uma importância muito grande em todo o Noroeste Paulista. Essa situação de 46 dias sem chuvas favorece a prática da colheita da cana-de-açúcar que tem início tradicionalmente na região no mês de abril e vai até dezembro. Por outro lado com a intensificação do baixo armazenamento de água no solo, aumenta o risco de problemas na brotação e a incidência de pragas de solo.
Durante esta janela de colheita a tomada de decisão sobre qual o melhor momento de se colher cada talhão passa por diversos fatores, dentre eles o ponto adequado de maturação da cultura, logística de transporte, suscetibilidade ao florescimento, entre outros critérios. Estudo recente realizado pela UNESP Ilha Solteira que será apresentado no INOVAGRI/CONIRD por Alexandre Ascoli avalia a evapotranspiração, as chuvas e o balanço hídrico e assim, ao analisar as necessidades de água das plantas e os déficits no solo em função dos meses de colheita, aponta que o uso de sistemas de irrigação é fundamental não somente para a garantia da produtividade, mas também para definir estratégias de época de colheita em função dos custos operacionais e operacionalidade dos sistemas de produção.
Neste sentido há de se parabenizar a Agência Nacional de Águas (ANA) que concluiu o levantamento Cana-de-Açúcar Irrigada na Região Centro-Sul do Brasil. Neste o mapeamento inédito, na safra 2015/2016 cerca de 1,72 milhão de hectares de cana foram irrigados. Desse total, 45% estão concentrados em São Paulo, 22,3% em Goiás e 19,9% em Minas Gerais que, somados, respondem por quase 90% da área irrigada no Centro-Sul do Brasil. O estudo considerou apenas os canaviais que apresentaram resposta positiva à irrigação. Dentre os principais resultados, pode-se destacar o enorme déficit  hídrico nos canaviais na safra 2015/2016, muito superior à média histórica, em decorrência da seca atípica observada entre os anos de 2014 e 2015 que afetou grande parte dos canaviais da região Centro-Sul.
Acreditamos que o uso da irrigação em cana é um dos fatores para a sustentabilidade do negócio de se produzir energia a partir de biomassa e Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira entende que o monitoramento climático do Noroeste Paulista, bem como os trabalhos científicos que dele resultam é uma importante contribuição para o aumento da eficiência da água na agropecuária. Colaboraram com esta edição Alberto Avilez, Alexandre Ascoli e Diego Feitosa. 
Este foi o tema do [Pod Irrigar] em 7 de julho de 2017 e o Internauta também pode ouvir as outras dicas que estão disponíveis semanalmente a partir de http://podcast.unesp.br/podirrigar.

Irrigando cana
São várias as opções de sistemas de irrigação para cana e a escolha vai depender do manejo da irrigação que se deseja proporcionar, irrigação plena (pivô central e gotejamento) ou não (aspersão convencional ou carretel enrolador) e dos investimentos (CAPEX) e custeio (OPEX) que se deseja.













Gotejamento e a formação dos bulbos molhados em cana recém plantada em Minas Gerais. (Fotos cedidas pro Wyllimberg Barreto)



Pivô central irrigando canal em Goiás. (Foto cedida por Patrick Campos) 

 
Carretel enrolador em cana. (Foto recebida pelas Redes Sociais)


Aspersão convencional em cana em Goiás. (Foto cedida por Ivan Oliveira)

Lançamento de variedades de cana na Usina Jalles Machado , em Goianésia, Goiás.

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