Agricultura irrigada, recursos hídricos e muito mais

Áreas irrigadas por pivô central nos rios Tietê e Paraná afetadas na captação de água pelo abaixamento do nível dos rios que fazem parte dos reservatórios de Três Irmãos e Ilha Solteira.

Pod Irrigar - Irrigar os canaviais é parte das ferramentas para ganhos de produtividades do setor
O cultivo da cana é estratégico para o Brasil e o uso do etanol como combustível foi uma aposta de sucesso do Governo brasileiro. No entanto, já há alguns anos o setor sucroalcooleiro passa por dificuldades estruturais e conjunturais. Vencê-las depende essencialmente de matéria prima a custos competitivos, e isso passa obrigatoriamente pelo aumento de produtividade no campo.
A primeira iniciativa para reverter este quadro foi o Projeto “Cana pede Água” que promoveu uma agenda positiva com múltiplas ações para fomentar o uso sustentável de irrigação de cana com água no Brasil. Também de sucesso a iniciativa deu frutos, a área irrigada em cana aumentou substancialmente e foi criado o Grupo de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-Açúcar (GIFC), onde técnicos do setor buscam conhecimentos e argumentos para convencer os gestores e investidores da necessidade da irrigação como ferramenta para a sustentabilidade do setor, bem como melhor operar os sistemas existentes através de reuniões periódicas.
Participamos da 13a. Reunião em Araçatuba em fevereiro de 2014 onde fizemos a palestra "Clima no noroeste paulista e irrigação em cana" e ontem aconteceu a 15a. Reunião onde o Professor Paulo Cesar Sentelhas, da ESALQ/USP fez a palestra “Determinação da lâmina de irrigação para fins de projeto com base no balanço hídrico diário: o caso da unidade Gasa - Raízen”, mostrando a partir de uma série de 30 anos de dados climáticos obtidos pela UNESP Ilha Solteira a real necessidade de irrigação para alcançar as produtividades elevadas que maximizariam a receita da cultura. Confrontando chuva, evapotranspiração e capacidade de armazenamento de água no solo, mostrou que além do déficit hídrico tradicional de 7-8 meses por ano, é frequente a ocorrência de veranicos na região que compromete a produção total.



Já o Professor José Luiz Ioriatti Demattê, falou sobre os “Aspectos agronômicos relacionados ao manejo da cana irrigada: interação variedade - espaçamento - nutrição”, deixando claro que todas as alternativas devem ser utilizadas para evitar ou minimizar a compactação do solo e que a mecanização da colheita trouxe um novo desafio ao Técnicos e foi enfático em dizer que a irrigação garante a umidade necessária para a difusão acontecer por mais tempo no solo, fundamental para o aproveitamento dos nutrientes do solo, em especial do fósforo e assim, promover o crescimento das plantas.



O projeto de irrigação por gotejamento implantado na usina Gasa, seu manejo e resultados foi apresentado pelo Engenheiro Agrônomo Luciano Henrique de Souza Vieira, enquanto que Francisco Evandro Albino, Gerente Agrícola da Gasa, falou sobre as experiências no processo de implantação e operação do projeto.



Após o almoço foi a vez de conhecer o projeto no campo, vivenciar a colheita mecanizada e participar de novas discussões.


Sem dúvida foi uma ótima oportunidade de apreender e rever conceitos e comprovar que quando se planta tecnologia, se colhe produtividade! O próximo evento do GIFC será o Irrigacana - I Seminário Brasileiro de Irrigação de Cana-de-Açúcar com Água, que acontecerá em 29 e 30 de outubro, em Ribeirão Preto. Este foi o tema do Pod Irrigar - o Pod Cast da Agricultura Irrigada desta semana. Ouça também os anteriores.

Nível da água nos reservatórios, recomposição ciliar e preservação das nascentes
Na sexta-feira o rio Paraná estava na cota 321,18 metros, o reservatório de Ilha Solteira estava com -31,67% do seu volume, o rio Tietê estava na conta 321,71 metros (reservatório de Três Irmãos em -22,51%) e enviava para o rio Paraná através do Canal Pereira Barreto 206 m³/s à uma velocidade de 0,88 m/s.
Esta situação que já tem a paralisação da hidrovia deixa ainda mais vulnerável a captação de água pelos irrigantes e já passa de 5000 hectares a área irrigada afetada pelo baixo nível da água. O reservatório de Água se mantem em nível em que se pode captar água, mas há apreensão no campo, e a área afetada se não houver a recomposição dos lagos pode passar dos 9.000 hectares, como se vê nas imagens de satélite de 23 de julho de 2014 e as ilustrações identificando as áreas irrigadas por pivô central.

Áreas irrigadas por pivô central nos rios Paraná e Grande afetadas na captação de água pelo abaixamento do nível dos rios que fazem parte do reservatório de Ilha Solteira.

Áreas irrigadas por pivô central no rio Grande que poderão ser afetadas na captação de água pelo abaixamento do nível do reservatório de Água Vermelha.

A falta de água para os irrigantes não tem chamado a atenção da imprensa ou de estudiosos em dimensionar o custo ou prejuízo da insegurança hídrica vigente. Parada há mais de quatro meses, na Hidrovia Tietê-Paraná os custos da seca chegam a R$ 700 milhões. A retomada do transporte na hidrovia Tietê-Paraná não deve ocorrer antes de novembro e outra fonte do setor de transporte prevê que o prejuízo decorrente da situação, inédita, supere R$ 200 milhões. Há contradição nos números, mas há uma organização que faz algum tipo de dimensionamento neste setor estratégico, pois há a necessidade de aumento da participação deste modal na matriz de transporte para que haja ganho de competitividade do agronegócio, que tem incrementado o uso deste modal. 
Agricultores de Goiás estão gastando mais para transportar a safra. A paralisação das atividades pela hidrovia Tietê-Paraná, no trecho de São Paulo, mudou a rotina das empresas. O transporte de cargas pela hidrovia é cerca de 30% mais barato que o rodoviário. Todos os anos, são escoadas mais de 6 milhões de toneladas de produtos como milho, soja, açúcar, celulose e madeira e, para se ter uma ideia do prejuízo causado pelas barcaças que estão paradas, a quantidade transportada por um comboio pelo rio é equivalente a 200 viagens de caminhão. As empresas tiveram que investir no transporte rodoviário, foi preciso adaptar o sistema de carregamento dos grãos. O problema é que o frete de caminhão é 30% mais caro. Outra situação triste é que a seca na hidrovia Tietê-Paraná provoca demissões em SP, pois os funcionários não tem como trabalhar


Lá e cá! Santa Fé do Sul foi a cidade mais atingida na região noroeste paulista pela seca e sente o efeito da sua falta, mesmo contando com duas represas que por muito anos se mostrou adequada ao suprimento hídrico da cidade. Não mais atualmente! E ainda expõe uma fragilidade que afeta todo o noroeste paulista! Sem matas ciliares, nem proteção das nascentes, quando chove, o escoamento de base, aquele que infiltra a água no solo, dá lugar ao escoamento superficial e assim, se adentra à estação seca sem recompor adequadamente o nível do lençol freático e com vazão menor, a água pode faltar. Com menos chuva e sem conservação do solo, a insegurança hídrica pode se manifestar a qualquer tempo.

Conservação do solo e recomposição ciliar urgente é a palavra de ordem e deve estar no planejamento de diferentes órgãos de gestão e dos proprietários rurais que juntos devem encontrar um denominador comum para enfrentara a legislação ambiental e a falta de recursos para a execução deste projetos. Barramentos e intervenção na APP degradada são opções a serem utilizadas. Em 2000 (HERNANDEZ et al) estas já eram propostas contidas no Projeto Piloto de Conservação dos Recursos do Solo e Água e Irrigação Coletiva nas Microbacias Hidrográficas dos Córregos Sucuri, Bacuri E Macumã no Município de Palmeira d'Oeste - Estado de São Paulo.


Captação de água em Santa Fé do Sul.

Crise por água na imprensa
Em ótima reportagem Vanessa Barbosa diz que a guerra por água entre São Paulo e Rio de janeiro revela crise de governança no Brasil. Para especialistas, governo falha em dar respostas adequadas às crises hídricas, o que coloca em risco a própria legitimação de suas instituições. Para Márcio Pereira, especialista em meio ambiente do L.O. Baptista-SVMFA, a disputas judiciais não resolvem o problema hídrico. Segundo ele, nem São Paulo, nem o Rio de Janeiro, e tampouco o governo federal, têm cumprindo com suas obrigações de gestão. "As nossas agências reguladoras deveriam fazer a mediação de conflitos, mas esse papel ainda não foi implementado. Cabe ao governo fazê-lo. É o processo de integração entre diferentes politicas que está faltando. O setor elétrico tem uma política, o setor de resíduos tem outro, o de água tem outro, assim fica difícil", pontua. São Paulo e Rio, segundo ele, poderiam aproveitar a oportunidade para reunir todos os atores que fazem uso da água e encontrar uma solução apartidária, buscar uma oportunidade de iniciar um novo modelo de gestão a fim de evitar conflitos nos próximos anos. 

The Huffington Post publica infográfico com 50 dados incríveis sobre as florestas tropicais. As florestas tropicais desempenham um papel fundamental na manutenção da saúde do nosso planeta. Não só elas são o lar de mais da metade das espécies do mundo da flora e da fauna, as florestas tropicais também são fonte de cerca de 40 por cento do suprimento de oxigênio do planeta. Elas também ajudam a manter os níveis de água doce da Terra, bem como regular a temperatura e os padrões climáticos. Infelizmente, apesar tão rica, diversa e vivificante, os seres humanos continuam a destruir estes habitats inestimáveis por meio do desmatamento. Para aumentar a consciência sobre a situação das florestas tropicais, agência de design NeoMam Studios, em colaboração com o grupo de educação irlandesa Giraffe Childcare & Early Learning, criou esse infográfico fascinante, repleto de fatos surpreendentes sobre um dos habitats mais importantes do mundo.



CONIRD 2014
Está chegando a data de abertura do XXIV CONIRD - Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem que acontecerá de 8 a 12 de setembro de 2014 em Brasília - DF, na sede da CNA - Confederação Nacional da Agricultura. A programação também já está definida e terá os dias de campo voltados para a reservação de água, produção de culturas anuais, fruticultura e cultivo protegido. Será uma grande oportunidade para discutir o momento atual e o futuro da agricultura irrigada. As inscrições já estão abertas e podem ser acessada AQUI! Participem deste que é o mais tradicional evento da agricultura irrigada brasileira!



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